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Suíte de Hóspedes

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Mensagem por Secret Qui 15 Ago - 16:03:45

Suíte de Hóspedes
É o quarto mais simples e sofisticado. Sua tonalidade é puxada para tons terrosos e é um ambiente bastante amplo, sua iluminação é mais baixa e de pouco destaque, transformando o lugar em um ambiente mais reservado. É de uso total e exclusivo de visitas e possui um banheiro próprio, que possui as mesmas tonalidades do quarto.
Banheiro: AQUI


Thanks to +Lia atOps
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Mensagem por Rachel Horowitz-Berry Sáb 21 Jun - 20:53:48

Got a secret ...
Imóvel e pálida de uma forma que não era natural, com grandes orbes escuras atentas em meu rosto; era doloroso saber que aquela era minha mãe, minha mãe morta. A mulher esperava completamente parada no meio de um corredor cercado por túmulos alojados em uma enorme parede de mármore branco. Meus joelhos tremeram por um segundo e aquilo fez meu corpo fraquejar e quase ir ao chão. Sem mais hesitar me atirei para ela e a mesma me amparou. Seu cheiro era agradável, um aroma adocicado e leve, suas mãos me rodeavam num abraço acolhedor e por um breve segundo me senti segura, protegida de tudo de ruim que houvesse no mundo. Katherine sussurrou meu nome e meu coração se apertou como se uma mão houvesse atravessado meu peito e o apertava enquanto a outra mão invisível tratava de apertar ao meu pescoço me impedido de dizer uma palavra que fosse. Mais uma vez a mulher falou meu nome e desta vez não fora sua voz que eu ouvi e sim uma outra voz, uma voz familiar, de imediato identifiquei-a como a voz de Eden.  "

Meus olhos se abriram para a luz do sol e involuntariamente os fechei; me surpreendi por tê-los abertos, isto significava que havia sobrevivido a noite passada. Minhas mãos tatearam o colchão e minha mente trabalhou em busca de uma explicação para aquilo. Pus uma das mãos a frente dos olhos e os abri vislumbrando ao teto claro coberto por algumas lampadas. Não foi tão difícil achar a resposta após aquilo. Emily e Eden.

Obriguei-me a não pensar tanto, isto fazia minha cabeça latejar e a dor parecia surtir efeito em todo meu corpo. Não era difícil não pensar naquele momento, eu preferia não poder pensar pelo resto da vida, deste modo me recordaria de tudo da noite passada; havia casos em que a bebida nos fazia esquecer de algumas coisas, esquecer de momentos, no meu caso fora completamente o reverso. Nada me faria esquecer o fato de que minha mãe estava morta e que meus pais podiam vir a ser os culpados. Estava clamando a qualquer divindade que aquilo não fosse verdade, não queria odiar a eles pelo resto da vida.

O silêncio que reinava no local foi substituído pelo som de passos que seguiam no corredor e se aproximavam do quarto, não demorou para que Emily e Eden atravessarem a porta que estava entreaberta e correrem para perto da cama; se houvesse um buraco em que eu pudesse me atirar eu certamente faria aquilo naquele exato momento. Elas precisavam de explicações, eu sabia disto, mas o que poderia dizer após tê-las incomodado no meio da madrugada, obrigando-as a ir até um cemitério resgatar a uma desorientada e embriagada Rachel? Engoli em seco e com certa dificuldade me sentei na cama.  — Primeiro de tudo, perdão por isto tudo.   — Senti as lágrimas tomarem meus olhos e os revirei indignada. Eden se sentou ao meu lado e seu olhar de preocupação só fez com que meu coração se partisse em milhões de fagulhas. Emily manteve-se de pé me encarando com a mesma preocupação visível; não pude deixar de pensar o modo no qual ela havia me tratado na festa de aniversário de Dominique.  — Eu preciso contar algo para vocês, mas devem me prometer guardar este segredo. Confio muito em ambas e não suportaria guardar isso para mim, está a me corroer aos poucos.   — Minha voz soou fraca e embargada, minhas mãos tremiam acima do colchão e meus olhos baixos encarava ao tecido macio do lençol que me cobria. Eu tinha que falar a elas aquilo, tinha que compartilhar aquela descoberta com alguém ou surtaria.

Can you keep it?
robb stark
Rachel Horowitz-Berry
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Mensagem por Eden Von Helling Ter 24 Jun - 12:38:51



my heart beats for you
E
mily conduzira a viagem de retorno ao apartamento. Ninguém falara durante todo o percurso: o ambiente emocionalmente pesado parecia apoiar-se nos ombros de todas as presentes. Eden posicionara-se nos assentos de trás. Deitara Rachel nos mesmos, estendendo-a o mais confortavelmente que conseguira, e pousando a frágil cabeça da menina sobre as suas pernas. Acariciou-lhe os cabelos graciosamente, acompanhando esporadicamente esse ato por verificações nervosas da consciência da amiga. Não podia deixar de sentir que, de certa forma, os papéis se haviam invertido. Há escassos meses atrás, Eden desfalecia em abismos psicológicos, encontrando-se no limiar da vida e do pesadelo. Naquele momento, com Rachel a passar pelo que parecia ser um diferente tipo de sofrimento em relação ao seu, a pequena Von Helling receava não saber como remendar as asas do seu anjo. E isso levava-a de volta ao beco da inutilidade e incapacidade do qual conseguira -ou assim pensava- escapar.

Um leve solavanco deu-se e as luzes incertas do apartamento informaram-na da sua localização. Juntamente da irmã, Eden transportou Rachel com todo o cuidado, encarregando-se da parte superior da graciosa corpulência. O silêncio permanecia como uma leve brisa primaveril que, embora inesperada, sempre complementa e se encaixa no momento. Todas elas se encontravam nos extremos do cansaço, ambos físico como mental, pelo que o diálogo não seria conveniente. O relógio rondava as três badaladas de pura escuridão quando, finalmente, alcançaram o seu lar. Apressaram-se a pousar Rachel na cama do cômodo destinado aos hóspedes. Eden dirigiu-se ao seu quarto, de onde retirou diferentes analgésicos e comprimidos que, infelizmente, conhecia demasiado bem de um passado atribulado.

As Von Helling's oscilavam entre o lugar onde a visita permanecia até ao exterior do mesmo, numa dança irrequieta com o intuito de captar o momento em que ela erguesse as pupilas. Eden roera as suas unhas até ao extremo, num ponto em que estas já sangravam. Várias vezes Emily lhe dissera -ou ordenara- que continuasse o seu sono, contudo qualquer tentativa de o fazer seria em simultâneo egoísta como desnecessária. Ela queria saber que estava tudo bem, que não iria falhar a quem jamais lhe falhou e, sobretudo, ansiava por respostas.

Um pequeno suspiro soou quase inaudivel pela invisibilidade das ondas, causando, apenas por essa mera faísca, uma agitação forte nas irmãs. Estas dirigiram-se apressadamente ao encalço de Rachel, que despertara algo surpresa de o ter feito. Ela portava um rosto cansado, confuso e visivelmente envergonhado. Eden aproximou-se o suficiente, nem em demasia, nem o contrário e, com alguma dificuldade, resistiu ao impulso de auxiliar Rachel a se sentar.

A loira não se deteve, pelo que, quando Berry iniciou um discurso arrastado, se sentou próxima desta. Fitava-la extremamente aliviada e com uma vontade quase inevitável de a abraçar, espremer, esmagar. Rachel era um pouco do seu coração, do seu mundo, da sua vida e se algo lhe acontecesse, afetaria diretamente Eden. Lágrimas de felicidade começaram a invadir os olhos desta, que as evitou o mais que pode. Tinha de aparentar ser forte ante a menina que outrora estivera inconsciente num cemitério.

Ela transmitia constantemente a ideia de que detinha em si algo que bradava para ser ouvido. Contido dentro dela e que não podia ser mais evitado. Eden compreendia perfeitamente essa emoção, já que a sentia sem cessar. Então, tentanto fazer a ela o que gostaria que alguém lhe fizesse a si, pousou a mão no seu ombro e sorriu-lhe levemente. -Rachel, eu...- Pausou por um pouco e olhou Emily- Nós estamos aqui para ti, para te ouvir. Desabafa o quanto quiseres, nós não te vamos julgar. Independentemente do que seja- Arrumou alguns capilares da menina por detrás da sua orelha, enquanto alargou o sorriso - Tu fazes parte da família, és uma Von Helling.

Eden Von Helling
Eden Von Helling
Somewhere, somehow.
*-*
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Mensagem por Emily Von Helling Ter 19 Ago - 20:43:27


I'll be there for you..
.. These five words I swear to you.
Rachel sempre fora para mim como uma rocha: firme e forte. Nunca imaginei que uma ligação suas pela madrugada seria sinônimo de ela estar desmaiada em um cemitério do Brooklyn. Talvez as pessoas fossem mais do que aparentavam, talvez a grama do vizinho não fosse sempre mais verde. Estava sentada na beira da cama observando-a dormir. Eden andava pelo apartamento em forma de protesto a minha ordem de que fosse dormir. Dizem que dormir faz bem, é o único momento apenas nosso. É quando sonhamos e não temos nenhuma preocupação a mais. Rachel parecia uma princesa, totalmente encantada em seu sono de beleza. Mas quem dera realmente fosse assim. Contos de fadas não são reais. Bocejei e senti a porta se abrir levemente. O roto de Eden surgiu pela fresta e como se pedisse permissão, ela entrou. Eu sabia o motivo de tanto zelo por parte da minha irmã com a Rachel, havia sido a morena que a salvara quando eu não pude. Seu olhar era um misto de preocupação e devoção. Suspirei ao observar a cena, talvez eu jamais chegasse a entender o nível de amizade que existia ali. Sai do quarto sem sequer ser notada por minha irmã, passei pelo longo corredor e fui em direção à copa. Necessitava de um café quente e forte.
...
O apartamento estava imerso em um silêncio absoluto. Tudo o que se podia ouvir no interior do mesmo eram as nossas respirações e nossos passos apressados pelo lugar. Eden de maneira alguma queria descansar, relutava em sair de perto de Rachel qualquer que fosse o motivo. Ás vezes me pegava pensando se não teria sido melhor levá-la para um hospital. E se a sua queda ou desmaio tivesse feito com que batesse a cabeça ou qualquer outra coisa mais grave? Ela parecia não despertar nunca, tal qual uma verdadeira princesa, Bela Adormecida. Mas sentia que talvez não fosse um príncipe a acordá-la, afinal não havia informado à Eckl sobre o acontecido no cemitério. Precisava ligar para ele.

Mas antes que pudesse pensar em pegar meu celular e discar o número do rapaz, ouvi um barulho a mais no apartamento. De certo nossa hóspede havia despertado de seu sono. Segui Eden pelo corredor e segurei a respiração antes de adentrar o comodo. Não saberia qual seria a reação da garota ao nos ver. Seu semblante denunciava um pouco de confusão, mas ao mesmo tempo estampava o constrangimento devido a tudo o que acontecera. Eden aproximou-se de imediato a seu lado e me mantive de pé. Ainda estava um pouco confusa com tudo o que havia acontecido e receosa de que os acontecimentos no cemitérios resultassem em sequelas ainda piores do que somente um desmaio.

Suas primeiras palavras fora de desculpa e balancei a cabeça em negação a sua atitude. Não era a hora para desculpas e esclarecimentos. Ela havia acabado de acordar, deveria se poupar de mais stress. Nunca imaginaria que um dia veria Rachel daquela maneira tão.. frágil. Aproximei-me das duas, mas continuei postada de pé ao lado da cama e de Eden. — Faço de Eden as minhas palavras. Estaremos aqui sempre para o que tu precisar. Sempre. — Me ajoelhei ao lado da cama e me apoiei sobre as pernas de Eden, levando a mão aos cabelos de Rachel e a acariciando com carinho. — Não importa o que aconteceu no passado ou o que venha acontecer pelo futuro. Você é como uma irmã para nós e sempre estaremos dispostas a lhe ouvir e te ajudar. Nós te amamos, Rach. — Sorri e me inclinei, depositando um beijo em sua testa. Poderia parecer hipocrisia após tela destratado na festa. Mas talvez aquilo não importasse mais. Não era nenhuma desavença boba causada pelo álcool em uma festa que me afastaria de Rachel. Jamais.

Tinha plena consciência de que seu desabafo não seria fácil. Mas estávamos ali para ela independente do que houvesse acontecido. Ela era parte de nós e nada mudaria isso.
Emily Von Helling
Emily Von Helling
NYC
hello darkness
ESPS

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Mensagem por Rachel Horowitz-Berry Dom 24 Ago - 18:43:29

Sure this one you'll safe
Era extremamente doloroso e vergonhoso para mim estar numa situação na qual me encontrava; completamente fragilizada, com uma terrível dor de cabeça por causas claras de alcoolismo em excesso e aterrorizada com a hipótese de que as duas pessoas que cuidaram de mim por toda a vida podia ter sido os causadores da morte de minha mãe, minha até então desconhecida e inexistente mãe. Eden e Emily encaravam-me com expectativa e assombro, obviamente incrédulas em me encontrar de uma forma tão divergente da que costumava ser. Quem acreditaria que a equilibrada Rachel Van Horowitz Berry fora encontrada inconsciente no chão de um cemitério das redondezas do Brooklyn, tendo como companhia uma garrafa de vodca beirando ao fim e suas especulações sobre um passado do qual sempre optara em esquecer? Era tão surreal que nem eu queria acreditar que havia cometido tal estupidez.

Sequei as lágrimas que teimavam cai sobre minha face e ajeitei-me com dificuldade sobre a cama. Mesmo que tentasse mover-me com total cautela não consegui evitar que minha mente girasse, uma sensação nauseante me tomou e eu fechei os olhos, respirando lentamente; tal sensação se repetia ao pensar no que me levara a estar daquela maneira. "Respira, Berry. Isso passará." Com lentidão, abri os olhos, tornando a encarar as irmãs Von Helling, o olhar de preocupação de ambas surtia um efeito em mim, um grandioso efeito que eu ao menos sabia distinguir se era bom ou ruim. Ouvi a sua palavras afáveis e encorajei-me a prosseguir com o que tinha a dizer. Não tinha mais nada a perder, certo? Eu confiava minha vida aquelas duas garotas, não tinha o que temer quando se tratava delas. — E-eu. Eu descobri quem é minha mãe. — Mordisquei o lábio involuntariamente e abaixei o olhar para minhas próprias mãos que tremiam acima de minhas pernas. — Meus pais, Frederic e Alecssander, nunca me esconderam que sou adotada, porém, nunca me disseram quem era minha mãe e eu também nunca ousei questiona-los, não queria magoa-los. — Meus ombros de súbito ficaram hirto ao pensar no casal, sempre tão amáveis e compreensivos, nunca cogitei a ideia de que podiam mentir para mim de tal maneira. Em mente relembrei uma citação do blog da maldita Secret: "Rachel Berry do coração quebrado." É, talvez ela estivesse certa com relação a isto, sempre alguém fazia o favor de despedaçar meu coração e vê-lo se reconstruir só para parti-lo novamente, como um ciclo vicioso.

— Q-quando eu era mais nova, uma mulher visitou minha casa em Columbus e... eu ouvi gritos, era uma discussão. Eu me atrevi a ir ver o que estava acontecendo, eu a vi. Ela estava morta, morta ao chão do saguão de minha casa. Eu não a conhecia. — Só notei que as lágrimas caiam de meus olhos quando estas molharam ao tecido que me cobria. A imagem reproduzia-se em minha mente, eu a via mais uma vez, falecida ao final da escadaria. Puxei as pernas, abraçando-as contra meu corpo, os soluços soltavam de meus lábios e eu sentia-me cada vez mais tonta, mais enjoada. — Eu corri, fui para meu quarto e depois desde dia nunca mais a vi. Era minha mãe, eu a vi morta e não a conhecia e meu pais... eles me esconderam isto, eles devem ter sido os causadores daquilo. Eles mataram ela. — Minhas mãos escondia minha face úmida pelas lagrimas, minha voz nitidamente transparecia minha atordoação. Eu persistia em pensar que aquilo podia ser uma loucura minha, que eles não fizeram aquilo, mas a cada instante que aprofundava-me mais naquela lembrança era levada a crer que eles causaram aquilo. Eles a mataram, mas por que?

Pulei da cama desajeitada, correndo as cegas até o lavabo. Podia sentir a bebida ingerida revirar em meu estomago e ameaçar soltar de minha boca a qualquer instante. Empurrei a porta a minhas costas e lancei-me ao chão de joelhos a frente do sanitário, regurgitando violentamente a tudo ingerido aquela noite, porém, infelizmente não podia por para fora todos aqueles pensamentos aterradores que me assombravam todas as noites, estes permaneceriam em mim, para sempre.

Taking this one to the grave // Ems and Eden // Wearing
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Mensagem por Eden Von Helling Seg 25 Ago - 8:31:25


the taste of her cherry chapstick
P
or vezes, cercamo-nos tanto no nosso mundinho de sofrimento que ignoramos toda a mágoa em nosso redor. Iludimo-nos que nenhuma dor iguala a nossa, somos o centro de um narcisista mundo de pesar, a função dos outros restringe-se a consolar-nos. Todos, à excepção de nós próprios, são felizes. Não se embalam em lágrimas até adormecer, apenas vêm o lado positivo de tudo. Mas não, nós erramos. Ninguém é verdadeiramente “feliz”, essa palavra é um mero conceito abstrato que todos se esforçam, em vão, para atingir. Aliás, há quem prefira viver nas trevas e usufruir dos prazeres doentios que esta carrega. Como Eden. Naquela situação apercebia-se de tudo isso, finalmente via o quanto errara ao isolar-se na miséria. Tornara-se tão cega com a sua agonia fútil que jamais se dera ao trabalho de ver como Rachel, pessoa que sempre considerara um pilar inderrotável, realmente estava. Deixara-a definhar silenciosamente até tal ponto que a encontrara caída num cemitério, com bebida alcoólica derramada próxima do seu corpo desprovido de forças ou consciência. Para si, o ontem de Rachel fora um mundo de encantar, onde tudo era perfeito e o único peso de sofrimento era, justamente, Eden. Todavia, agora percebia que se enganara redondamente. Talvez ela sofresse tanto como a pequena Von Helling, quem sabe, até mais… Reprimir a mágoa é sempre muito pior do que a manifestar.

Depois de mais algumas palavras de consolo e encorajamento por parte de Emily, Rachel começou a reunir forças para exprimir a tal confissão que, visivelmente, se assemelhava a uma comichão na sua garganta. Tinha de dizer, precisava de desabafar, mas faltava-lhe alguma coragem para o fazer. Como se, verbalizando o pesadelo, ele se tornasse mais real. Se o mantivesse silencioso apenas para si, talvez continuasse a ser mais um pensamento inconcreto, algo que tanto era real como imaginário. Contudo, eventualmente, a primeira frase foi delineada debilmente pelos lábios de Rachel. Pelas palavras, Eden tê-la-ia abraçado fortemente e sorrido perante as notícias tão jubilosas. Mas, com base no tom, ao encontro da mãe estava associado algo de muito negro… Rapidamente, Eden percebeu. Uma vontade de chorar pela amiga invadiu-a, mas controlou-se. Tinha de ser forte para Rachel como ela sempre fora para si.

À medida que o discurso da morena se desenrolava mais e mais, a Von Helling foi obrigada a sentar-se, numa tentativa assimilar melhor toda aquela informação que passava de mal para pior. Quando lágrimas cristalinas começaram a passear pelo belíssimo rosto de Berry, Eden teve de se esforçar fortemente para conter um pranto. Pior do que ser confrontada com a sua própria mágoa, era ver diante dos seus olhos a de quem mais amava. Vê-la a quebrar-se, primeiro lentamente, depois numa queda cada vez mais abrupta, era demasiado para o seu coração suportar. ”Eles mataram ela”… A afirmação surgiu como uma estalada diretamente na cara de Eden. Os seus pais de toda a vida haviam morto a sua mãe? Como é que Rachel se sentiria? Próximo disso, os problemas da VH dissolveram-se em pequenos dramas infantis. Mas como, como ajudá-la? Como ajudar uma pessoa se nem conseguimos ajudar nós mesmos?

Rachel abandonou a cama num ápice, com uma finalidade previsível. Ao sair do quarto, Eden fitou os olhos de Emily, que parecia tão abalroada como ela. Suspirou como sinal de profunda tristeza e foi ao encontro do seu anjo, que regurgitava violentamente. Baixou-se e colocou-se igualmente de joelhos, assentando um braço à volta dos seus ombros para a confortar. Puxou os seus suaves cabelos para trás, de modo a que não fossem inoportunamente apanhados pelo trajeto do vómito. Podia dizer algumas palavras de consolo, mas naquele momento seria inútil. A ferida ainda estava demasiado aberta. Limitou-se a encostar-se a ela, afagar-lhe os braços e os cabelos, fazer o que tanto desejara de algumas pessoas quando ela própria estivera na ruína. Quando o fluido ácido deixou de ser segregado por Rachel, Eden estendeu a mão e agarrou uma toalha de rosto aleatória, utilizando-a para limpar os lábios de Berry, assim como outras áreas do corpo sujas pelo líquido expelido. Encostou a amiga à parede do banheiro, sentando-a no chão e posicionando-se diante de si. Não dizia palavra, revelava-se impotente para remendar uma situação emocional de tal calibre. – Eu estou aqui sempre- Limitava-se a repetir, alternando com esporádicos ”Tudo ficará bem”. Por fim, quando todos os vestígios de vómito pareciam ter sido eliminados –excepto o odor que tanto marcava o ar naquele cômodo- ela tentou sorrir, em vão. Meu deus, como lhe doía ver a amiga naquele estado. Não conseguiu evitar mais lágrimas, a contenção de angústias nunca fora o seu forte. Abraçou-a fortemente. Não conseguia ver Rachel assim, simplesmente não conseguia. Sem saber o que fazer e ignorando completamente o facto de se Emily estava ou não presente, ela aproximou-se gradualmente da face da sua menina. E então, por consolo, desespero, estupidez ou mesmo desejo reprimido, ela beijou-a. Não daqueles curtos e divertidos que amigas de longa data praticam na brincadeira, mas dos outros. Húmido, longo, romântico. Saboroso.


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