The American Dreams
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Cozinha

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Mensagem por Secret Qui 21 Ago - 21:37:34

Cozinha


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Mensagem por Aydra Winston Yates Dom 24 Ago - 0:00:03

Breakfast
Eu tinha a intenção de dormir novamente, pelo menos ficar deitada por mais, sei lá, uma hora até que o relógio denunciasse as sete da manhã, mas Henrick me chamou antes disso. Realmente, a funcionária responsável pela comida da casa costumava chegar cedo demais pra um sábado que, na maior parte das vezes, as pessoas aproveitavam pra dormir um pouco mais. Eu nunca tive esse “problema”, dormir relativamente pouco sempre foi suficiente pra mim, exceto nesses últimos meses. Se antes eu dormia por quatro ou cinco horas e já me sentia bem para ficar acordada por mais vinte quatro, agora eu dormia por oito horas e sentia que ainda deveria dormir mais oito. Quem não havia dormido durante a noite fora Henrick e eu soube disso ao notar o contorno roxo em volta dos olhos azuis, estava bem visível por mais que o olhar estivesse sempre em alerta. — Passou mesmo a noite acordado? — Perguntei a ele enquanto íamos até a cozinha. Eu tinha pernas um tanto curtas em relação ao segurança que dava um passo quase em câmera lenta para que meus dois passos conseguissem alcança-lo sem que precisasse correr. Henrick deu uma olhada para os lados como se procurasse algo, talvez se certificando que não havia ninguém por perto que pudesse ouvi-lo, para então responder em um tom tão baixo que sua boca quase não movia. — Sim, senhorita. Plantão não é exatamente a coisa mais difícil que já fiz. — Assenti espantada com a descontração que havia na voz dele, mesmo baixa era possível notar. Alguém estava começando a ficar confortável em minha presença e isso era realmente bom. — Qual foi a coisa mais difícil que fez? — Continuei minhas perguntas para manter algum assunto e preencher o silencio com algo além do barulho da nossa caminhada. Henrick deu aquele sorriso de um segundo antes de voltar à expressão séria, postar uma mão em minhas costas e me conduzir pela escada, como se tivesse medo de que eu caísse. — Em uma outra oportunidade eu te conto. Agora preste atenção nos degraus. — Disse em um tom levemente ameaçador de alguém preocupado com minha segurança. Claro, era o trabalho dele me proteger até de um inseto que quisesse me pegar, eu não deveria me sentir importante para quem só estava fazendo aquilo pra poder ter seu dinheiro no fim do mês. Ou no início, ou meio, sei lá quando seguranças recebem o salário. Mesmo assim, era bom ter alguém que se preocupasse. Ergui as mãos em rendição soltando uma risada baixa. — Como quiser, senhor.

A cozinha era muito parecida com a dos Rutherford, exceto que era maior e tinha algo parecido com uma sala de convivência perto do balcão. Tinha uma mulher baixinha com uns poucos quilos a mais do que deveria ter, cerca de quarenta e cinco anos, cabelos negros enrolados em um coque protegido por uma touca de material transparente, nariz alongado e boca pequena, olhos castanhos escuros quase negros, ao lado do fogão mexendo em alguma coisa que eu não sabia o que era até sentir o cheiro. Panquecas. Meu estômago reagiu imediatamente ao cheiro, soltando um ruído constrangedor que foi possível ser ouvido pelo fato de a cozinha estar vazia e silenciosa. Os olhos quase negros da mulher parou em mim imediatamente, se arregalaram quando ela notou o volume da minha barriga e depois parou em meu rosto de novo. Ela me abriu um sorriso tão gentil que senti ser verdadeiro. — Olha só o que temos por aqui! — Exclamou animada, rodeando o balcão e vindo em minha direção, enxugando as mãos em algum pano. Parou de frente a mim ainda me analisando com o olhar, agora confuso, virando-se para Henrick e me apontando com um indicador alongado e gordinho. — É a garota que me disse agora a pouco? — A mulher perguntou ao segurança. Franzi o cenho e olhei para o lado do branquelo, vendo-o revirar os olhos em repreensão para a cozinheira antes de assentir. Agora eu era o assunto da casa entre os empregados... Que excitante. — Oh! Deus, você é mesmo uma graça. Qual seu nome? — Tornei a atenção para a mulher, mordendo o lábio inibida e engolindo em seco. Meu rosto estava queimando e eu sabia que era por estar envergonhada, provavelmente as maçãs do meu rosto estavam coradas agora, mais do que qualquer blush era capaz de deixar. — Aydra. — Respondi em um sussurro, abrindo um sorriso de canto. A mulher riu abertamente e faltou pouco para que ela me abraçasse, por um instante eu pensei que ela realmente iria me abraçar mas não o fez. Talvez Henrick a tivesse repreendendo com o olhar ainda, eu não sabia ao certo já que olhava para a cozinheira com certa curiosidade. — Eu sou Jeanine... E esse pacote que carrega com você, tem um nome? — Ela disse se abaixando um pouco para ficar na altura da minha barriga. Jeanine era assustadoramente gentil. Balancei a cabeça negativamente pousando uma das mãos sobre minha gestação, como se quisesse protege-la por mais que eu soubesse que a mulher não era a ameaça que eu deveria temer. — Ainda não. — Minha voz saiu um pouco mais firme e alta, até mesmo um pouco brava. Respirei fundo, não deveria me irritar com a curiosidade daquela mulher, ela estava fazendo panquecas! Meu estômago reclamou de novo com o pensamento e Jeanine riu mais alto. — Deve estar faminta. Espero que goste de panquecas. Se não gostar, posso fazer o que quiser. O que quer comer? Tem que ser algo realmente forte, não se deve comer qualquer besteira e... — Jeanine começou, suas palavras saíam como um jato, parecia que ela nem mesmo precisava tomar fôlego para poder proferi-las. Era engraçado. — Jeanine, pare de tagarelar, está assustando a menina. — Henrick a interrompeu e jurei ver o segurança cair estirado no chão com o olhar da mulher. — Eu falo o quanto quiser, brutamontes. — Colocou a mão na cintura tentando adotar uma postura intimidadora, realmente não se importando ao fato de Henrick ser três vezes o tamanho dela. Depois olhou para mim em tom advertido, revirando os olhos. — Isso é o que se ganha por dar liberdade. Agora sente-se, vou preparar um jantar dos deuses pra você. — Ela apontou a mesa relativamente grande e cheia de coisas de café-da-manhã sobre. Mordi a bochecha internamente tentando segurar a risada pelo fato de ela ter confundido café-da-manhã com jantar. Analisei a mesa tão grande e vazia de pessoas, tão diferente da casa em que eu vivia com meus pais e três irmãos; até mesmo na casa dos Rutherford, que se tornou meu lar nos últimos meses, a mesa tinha sempre alguém pra me acompanhar. Senti um aperto no peito ao lembrar de Sam Rutherford que sempre fazia questão de me esperar para poder fazer suas refeições. “Anote o que te digo, ainda vamos nos casar.” Ele costumava dizer isso e Clark rebatia com um “Claro que não, Aydra é a minha namorada”. A discussão seguia em diversas etapas até que eu dissesse que casaria com os dois em um país onde as mulheres pudessem ser poligâmicas. Sam tem quatorze anos e eu sabia que era pura brincadeira de criança dele. Já Clark tem vinte e eu nunca sabia qual era a realidade das suas palavras. Às vezes me pegava imaginando o que teria sido de mim se tivesse aceito a proposta do rapaz de assumir a criança comigo. Talvez estivéssemos nos preparativos do casamento agora ou até mesmo casados, vivendo em um dos imóveis dos Rutherford no Upper East Side. Talvez eu estivesse feliz... Mas eu não queria que meu filho crescesse em uma mentira. Clark não era o pai e, por mais que eu alimentasse um forte sentimento por ele seria sempre amizade. — Você não vai crescer mais se ficar em pé, além do que seus pés vão inchar. Vamos, tome seu lugar na mesa. — A voz de Jeanine me trouxe de volta do meu pequeno devaneio. Olhei para ela assustada enquanto a mulher se virava para o fogão novamente, depois para a mesa, analisando-a por um instante. — Ahm... Acho vou me sentar no balcão mesmo. A mesa parece muito grande mesmo que eu seja o melhor dois em um. — Brinquei nas últimas palavras para então parar o olhar em Henrick, recebendo seu olhar de aprovação. No instante seguinte ele já havia puxado um banco de metal alto e estofado e me feito sentar sobre ele. Fiquei observando a cozinheira e todo seu cuidado para que meu café ficasse pronto o mais rápido possível. O segurança se afastou alguns metros ficando postado em um lugar onde pudesse facilmente ter acesso a mim ao mesmo tempo em que dava espaço para que a Jeanine fizesse o trabalho dela.
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Mensagem por Baptiste R. O'Donnel Dom 24 Ago - 0:43:15


Fuck That Shit!

Acho que era cerca de nove da manhã quando cheguei em casa. Parei minha moto na garagem e pulei de cima dela, deixando o capacete em seu compartimento e arrumando a jaqueta em meus ombros por conta do calor que eu sentia. Caminhei em passos lentos e um tanto sonolentos até o elevador sabendo que havia dormido cerca de duas horas apenas e que em alguns segundos eu iria hibernar, pelo menos ter ido ver Alexia tinha me relaxado um tanto e eu não considerava uma ideia impossível voltar para a casa. Apertei o décimo segundo andar e esperei até que o elevador fizesse o seu percurso eterno até que abrisse espaço para que eu enxergasse a porta de madeira pertencente a mim. Adentrei o apartamento e joguei as chaves em cima da mesa, ouvindo conversas de dentro da cozinha e... Aquilo era cheiro de panquecas? Meus passos foram trilhados antes mesmo que eu me desse conta.
Meus olhos analisaram cuidadosamente a cozinha, encontrando ali três personagens nada importantes: O brutamontes branquelo do qual eu nunca me recordava o nome, a menina que eu também não conseguia me lembrar bem, mas suspeitava se chamar Ayla e minha cozinheira favorita no mundo todo, Jeanine que eu só me lembrava por cozinhar tão bem. A mulher de bochechas rosadas e mãos gordinhas olhou para mim em espanto assim que minha presença pode ser notada. Levou as mãos até a cintura e me olhou em tom de total desaprovação. Ergui uma sobrancelha enquanto a ouvia dizer:
-Oh menino! O que eu faço com você? Está chegando da rua agora?
Não pude esconder o sorriso do rosto. A única pessoa do mundo, sem ser os meus pais, que eu não me importava que falasse assim comigo era a cozinheira. Acontece que ela e Robert eram os únicos empregados que eu tive desde o dia em que me mudei para os EUA e ao contrário de Robert, Jeanine não era um pé no saco, logo era uma espécie de segunda mãe para mim. Eu não reclamava: Ela sempre me mimava e cozinha o que eu pedisse no maior capricho. Não tinha como não amá-la.
-Me desculpe pela minha vida boêmia, mãe. -Falei com um sorrisinho de canto no rosto exibindo puro sarcasmo. -Como se fosse alguma novidade.
-Estou vendo o dia em que vai tomar vergonha na cara e passar a dormir em casa. -Falou em um tom de desaprovação totalmente adorável. Caminhei até ela enquanto ela tinha que erguer a cabeça para me observar por ser a pessoa mais baixinha que já vi em toda a minha vida. -Isso é falta de porrada.
Soltei uma curta gargalhada com o que ouvi e abracei a governanta forte, lhe dando um beijo no topo da cabeça fazendo-a reclamar. Jeanine era uma pessoa adorável, mas odiava quando eu ficava a apertando ou então fazendo cócegas. Ela alegava que era assédio principalmente por ser extremamente religiosa e evitar contato físico. Dei risada ainda a prendendo no abraço.
-O que? Não gosta do meu cheiro de cigarros, álcool e sexo?
-Você não tem jeito. -Falou ela finalmente se soltando e me agredindo com o pano de cozinha. Soltei uma risada. -Pelo menos coma alguma coisa.
-Sempre. -Pisquei, abrindo um sorriso e observando a panela. Senti meu estômago roncar. -Fez suas famosas panquecas?
-Sim, suas favoritas, filhote.
Abri um sorriso, revirando os olhos com o apelido do qual ela me chamava desde sempre. Assenti.
-Já aceita o meu pedido de casamento?
-Não.
Respondeu, correndo atrapalhadamente até o fogão quando percebeu que a comida quase queimava. Tentei não rir com a cena.
Meus olhos caíram finalmente no balcão onde estavam as duas pessoas de nome desconhecido, ambos me observando. Ergui uma sobrancelha fazendo um gesto com a cabeça em cumprimento para os dois.
-Grandalhão. Menina grávida.
Cumprimentei enquanto puxava uma cadeira e me sentava também no balcão esperando por minha cozinheira com a maratona de panquecas. Agarrei um copo enchendo-o de suco de laranja e dei um longo gole na intensão de evitar uma possível ressaca. Eu ainda tinha ensaio naquele dia. Meus olhos caíram no relógio e fiz um cálculo mental de quanto tempo eu poderia dormir até eu precisar sair de novo. Não muito. Praguejei por não ter tido a noite de sono pela qual eu nunca prezava. Precisava passar a descansar mais. Meus olhos caíram na menina ao meu lado e por um momento a analisei bem. Ela era bonita de rosto e se tirássemos a barriga consideravelmente grande, ela teria um belo corpo. Não me surpreendia que eu já tivesse fodido ela. Meus olhos caíram em seguida sobre o brutamontes de terno ao seu lado que me encarava em um tom não muito amigável. Ergui uma sobrancelha.
-E você? Nunca tira folga não?
Perguntei em tom indiferente enquanto me voltava para a loira logo em seguida.
-Gostou do quarto? Legal esse pedaço de boa vida, não é? Não vá se acostumando.
-Baptiste, seja legal. -Falou Jeanine do fogão. -Trate bem a menina.
-Até tu Jeanine?
Falei em tom de dor como havia feito Julio César ao ser assassinado por seu próprio filho, Brutus. A mulher me olhou de canto de olho e me deu uma piscadela como quem diz gentilmente "comporte-se". Odiava pessoas que tiravam a minha diversão. Peguei o copo e dei mais um longo gole em meu suco, ouvindo o meu celular tocar. O ignorei quando vi o nome de Robert.
-Jeanine, como se faz para se livrar de um pacto com Satã?
A mulher arregalou os olhos virando-se em minha direção e logo passou a fazer sinais da cruz em seu corpo. Me segurei para não gargalhar, apenas abrindo um sorriso divertido.
-Reze e muito. Pare de chamar Robert assim, ele é um bom homem.
-Eu sei... Eu que não sou.
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Mensagem por Aydra Winston Yates Dom 24 Ago - 1:55:18

Breakfast
Eu acho que nunca havia comido algo tão delicioso quanto aquelas panquecas. O sabor excessivamente bom devia-se facilmente ao fato de que eu estava faminta e se me dessem chuchu pra comer provavelmente eu sentiria gosto de pizza, algo assim. Henrick saiu da sua posição desconfortável de ficar em pé e se sentou no balcão seguindo uma ordem de Jeanine, sempre tão educada e agradável. Passado um certo tempo em que estávamos dividindo o mesmo cômodo, passei a me sentir confortável na presença da mulher assim como Henrick parecia se sentir melhor na minha presença também. Jeanine fazia piadas, contava histórias de como tinha que se desdobrar pra cuidar de tudo naquele monstruoso apartamento e como se sentia satisfeita por fazer parte daquela família. Quando ela citou esse substantivo, não pude deixar de refletir: será que os outros também pensavam que eles eram como uma família? Revendo os fatos da madrugada mentalmente, duvidava muito que Baptiste pudesse pensar assim. Estava rindo da última história de Jeanine quando todos paramos ao ouvir passos pesados na cozinha e uma voz que não era exatamente o melhor som que eu quereria ouvir. Se antes era o motivo do meu delírio, agora era motivo de temor. Henrick ficou tenso imediatamente assim que Baptiste apareceu na cozinha vestido das mesmas roupas que a noite anterior. Não era justo eu sentir revolta por ele não ter passado a noite no apartamento, mas ainda assim eu sentia e aquilo era incontrolável. Tentei não olhar para ele, desviando então os olhos para meu prato recém usado e o copo de suco que ainda estava pela metade. Tomei um longo gole, percebendo então que minha garganta tinha ficado seca repentinamente. Arregalei os olhos ainda sem fitar Baptiste ao ouvi-lo chamar Jeanine de mãe, mesmo que tivesse o tom sarcástico que estava começando a ser facilmente vinculado à voz dele aquilo era surpreendente. Ouvia atentamente a conversa dos dois, a forma carinhosa com que a mulher o tratava e não pude deixar meus olhos muito tempo afastados da cena. Baptiste era uma pessoa inteiramente diferente da noite passada, pelo menos com Jeanine estava sendo assim. Ele ainda tinha aquele tom prepotente na voz, no jeito de se portar, mas o sorriso era sincero, o olhar era doce e admirado, me fez lembrar em muito o rapaz que eu conheci em Chicago depois de um show e por quem eu mantinha um amor platônico. Ainda estava confusa quanto ao sentimento que alimentava pelo músico. Tinha aquela coisa de paixão pela arte, paixão pelo músico e pela pessoa que ele representava, e paixão pela imagem que formei em minha cabeça sobre como seria ser a namorada de Baptiste. Eu não era a namorada dele, não estava ali pelo músico ou pela arte, mas ainda sentia as pernas bambearem com sua presença tão palpável. — Grandalhão. Menina grávida. — Cumprimentou em um tom até educado, por mais que parecesse que ele estava cuspindo as palavras quando se dirigia a mim. Não consegui cumprimenta-lo, apesar de querer. Henrick, por sua vez, acenou com a cabeça e lançou um seco “bom dia, senhor”. Deveria ser uma droga ser empregado de alguém que você não gosta. Baptiste, assim como eu, ignorou a mesa postada e se sentou no balcão ao meu lado com alguma distância entre nós. Não parecia ter sido um ato feito propositalmente, mas ainda assim me deixava um tanto desconfortável. Senti uma vez mais as bochechas arderem por saber que o olhar do rapaz estava sobre mim, mesmo que o meu olhar tivesse sido desviado para o copo de suco aparado por uma das minhas mãos. — E você? Nunca tira folga não? — Ouvi sua pergunta e, por um momento, pensei que estivesse se dirigindo a mim. Quase me virei para responder, mas Henrick teve o raciocínio mais rápido, claro, ele não estava sob a pressão que eu estava. — Não quando tenho um trabalho a ser realizado. — Henrick respondeu e eu descobri que era melhor olhar para o segurança do que para o copo de suco. — Gostou do quarto? Legal esse pedaço de boa vida, não é? Não vá se acostumando. — Dessa vez eu sabia que havia sido pra mim. Uma breve careta de decepção se formou em meu rosto antes que eu me virasse para Baptiste, intencionando responde-lo. Entretanto, de novo, alguém fora mais rápido que eu e Jeanine repreendeu Baptiste pelo comentário com seu tom de voz tranquilo. Nem mesmo parecia uma repreensão. Engoli em seco e olhei na direção do músico evitando contato com seus olhos. — Não tive tempo de avaliar o quarto. E não se preocupe, tenho plena consciência do que tenho que fazer e por quanto tempo irei fazer. — Respondi sinceramente, sentindo o ar parar de circular por um momento. Seria sempre assim quando fosse me dirigir a ele ou em algum momento eu me acostumaria? Me perdi no tempo que se seguiu, apenas captei uma nova repreensão de Jeanine e ouvi a réplica de Baptiste. Olhei para o balcão de mármore escuro, admirada por como as coisas são estranhas. O primeiro passo de alguém para a mudança é admitir seus defeitos, certo? E Baptiste havia acabado de admitir um defeito, defeito este que eu ainda desconhecia mas tinha uma vaga ideia pelos cinco minutos de conversa que tivemos desde que cheguei. Antes que a esperança se acendesse, me lembrei das palavras de Henrick me alertando para não esperar mudança vinda do músico. Era como jogar um balde de água fria na minha cabeça. — Não vai querer mais nada, Aydra? — Jeanine perguntou com um sorriso satisfeito estampado. Abanei a cabeça negativamente, levando o copo de suco à boca e terminando de beber o líquido que ali tinha. — Espero que tenha mesmo saciado a fome dessa menininha... Ou é um rapazinho? A propósito, já sabe o sexo da criança? — Olhei diretamente para Jeanine sabendo que exalava surpresa. A última coisa que eu queria falar perto de Baptiste era sobre minha criança. Jeanine pareceu não se importar com isso e manteve-se em silêncio com uma postura inquisidora, esperando minha resposta. Pigarreei uma vez, envergonhada, olhando de canto de olho para Baptiste antes de me focar verdadeiramente na mulher. — Noventa e cinco por cento de chances de ser um menino. — Disse baixinho, tendo que repetir logo a mesma coisa em seguida pois ninguém havia entendido uma só palavra da primeira vez. Jeanine sorriu largo e isso me fez sorrir também, como ela conseguia isso era um mistério. — Ótimo, já podemos fazer uma primeira compra de enxoval pra ele. Está de três ou quatro meses? — Continuava suas perguntas, dessa vez havia se aproximado de onde eu estava sentada, puxando minha cadeira e analisando minha barriga como se soubesse o que estava fazendo. — Cinco, faltam dez dias pra seis. — A mulher arregalou os olhos em tom de surpresa e começou a rir, se divertindo sozinha de uma situação que eu não sabia o que era. Colocou as duas mãos sobre meu pequeno volume, parecendo medi-lo e dessa vez não me importei que ela pegasse. — Ai meu Deus, sua barriga é muito pequena pra quem tem cinco meses de gestação. Olha só, Baptiste, não parece ser um melãozinho enquanto deveria ser uma melancia? — Trinquei os dentes tão forte que meu maxilar reclamou imediatamente à minha ação. Nada referente ao bebê iria tomar a atenção do rapaz, eu que nem mesmo o conhecia direito sabia disso, então por que Jeanine estava fazendo aquilo? Balancei a cabeça sutilmente em negação para a mulher como um alerta de que aquela não era a melhor coisa a se fazer. Em troca recebi um olhar claro de “eu sei o que estou fazendo.” Antes que Baptiste pudesse responder a campainha tocou fazendo Jeanine saltar e sair exasperada em direção á porta. Um segundo depois ela gritava “Henrick, preciso de ajuda!”. O segurança não hesitou em levantar, mas hesitou em se afastar de mim. Lancei a ele um olhar confiante como se desse permissão para que fosse onde estavam o chamando. Henrick moveu os lábios em um “cuidado” e saiu, deixando Baptiste, eu e a tensão.

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Mensagem por Baptiste R. O'Donnel Dom 24 Ago - 2:27:55


Fuck That Shit!

Minha cozinheira me serviu de algumas panquecas e logo eu as devorava com tanta vontade que parecia ter saído da guerra. Coloquei a cobertura que eu tanto amava e me deliciei com a massa fofa que era o meu tipo de café da manhã preferido. Só empatava com as Waffles. Meus olhos caíram em Jeanine enquanto eu soltava um grunhido de satisfação pela comida boa.
-Eu preciso te levar para comer em um restaurante Chinês que abriu aqui no bairro. -Falei, bebendo um gole de suco. -Eles tem uma receita de frango que é maravilhosa. Você tem que experimentar e aprender a fazer.
-Claro, filhote. -Respondeu a cozinheira em tom um tanto contente. Não era milagre eu levar Jeanine para jantar fora, por mais bizarro que isso soe. Geralmente quando eu queria que ela aprendesse uma receita, eu gostava de levá-la para provar e saber o tempero que tinha de imitar. Um plano que nunca falhou. -Checarei a minha agenda.
-Cozinheira ocupada.
Revirei os olhos recebendo uma ameaça de toalhada e ri, fitando as panquecas enquanto as mastigava com vontade. Vi a morena rechonchuda caminhar até a menina de cabelos loiros e então abrir um sorriso simpático. Observei a cena não muito agradável, vendo que ela estava tomando espaço também com a minha "família". Isso não era bom.
— Não tive tempo de avaliar o quarto. E não se preocupe, tenho plena consciência do que tenho que fazer e por quanto tempo irei fazer.
Me respondeu a loira fazendo-me soltar uma gargalhada sarcástica e assentir em pura ironia. Sei. Como se ela não estivesse se dando a todo aquele trabalho só para passar a mão em meu dinheiro. Eu simplesmente odiava como ela não admitia isso. Se fosse para ser oportunista, que fosse declarada.
— Não vai querer mais nada, Aydra? — Perguntou a cozinheira, enquanto ela balançava a cabeça negativamente. Aydra... Então era esse o seu nome. — Espero que tenha mesmo saciado a fome dessa menininha... Ou é um rapazinho? A propósito, já sabe o sexo da criança?
Arregalei os olhos observando a mulher, descrente por ter perguntado isso. Mudei de posição desconfortável na cadeira, dando um gole de suco e depois mudei de posição novamente, sentindo-me incomodado. Bati a ponta dos dedos no balcão, inquieto e incapaz de ficar parado. Olhei para a minha cozinheira com meu melhor tom sarcástico e ressentido.
-Por que? Faz alguma diferença? -Falei antes que a menina do qual o nome eu já havia me esquecido novamente falasse. Bufei. -Pare de querer se apegar a algo que simplesmente não vai ter espaço por aqui.
-Baptiste, seja menos inconveniente. -Falou a espanhola de cabelos pretos, olhando-me em tom de total repreensão. Bati a ponta dos dedos no balcão novamente, sentindo o nervosismo bater. -E é claro que quero saber! Afinal, é meu netinho. -Respondeu com um sorriso largo, pousando a mão sobre a barriga da menina loira. Senti meu estômago embrulhar. -Não é sempre que teremos um netinho lindo, não é? E então?
Ouvi a loira pigarrear um tanto envergonhada, em um incômodo tão grande quanto o meu. Fiz força para não me levantar e simplesmente deixar a sala, eu não merecia ouvir tudo aquilo.
— Noventa e cinco por cento de chances de ser um menino.
Ela falou extremamente baixo enquanto a espanhola abria um sorriso largo e assentia. A olhei ainda indignado por todo aquele interesse na criança enquanto eu só queria que ela nunca nascesse.
— Ótimo, já podemos fazer uma primeira compra de enxoval pra ele. Está de três ou quatro meses?
Compra de que? Acho que fiquei tonto. Apoiei os cotovelos no balcão e apoiei minha cabeça em minhas mãos, fitando o mármore. Eu não estava pronto psicologicamente para toda aquela besteira e muito menos para ver que a única pessoa para quem eu ligava naquela cidade se importava com isso. Não era pra se importar. Aquela criança não era minha, digo... Até poderia ser minha, mas não era minha.
— Ai meu Deus, sua barriga é muito pequena pra quem tem cinco meses de gestação. Olha só, Baptiste, não parece ser um melãozinho enquanto deveria ser uma melancia?
Aquilo era tortura explícita. Virei os olhos rapidamente para Jeanine bem no momento em que a campainha tocou. Minhas mãos suavam frio e eu estava um pouco trêmulo. Eu precisava tomar um banho e sair daquela apartamento já que só pela presença daquela menina na minha casa já me guiava ao inferno. Merda. Não teria sossego nem mesmo dentro do meu próprio apartamento. Talvez eu devesse um hotel para ficar nos próximos quatro meses e deixar a responsabilidade para Robert. Eu não poderia fazer aquilo, simplesmente não dava para assumir aquela merda toda. Bati os dedos, nervoso, contra o mármore vendo os turbilhões passarem por minha mente, eu e a loira estávamos sozinhos. O que fazer? Chutá-la do banco, da janela? Eu não podia ser preso de novo, não ia rolar. Fitei meu prato, soltando em tom seco e relutante.
-Isso não é meu. -Respondi simplesmente, como se fizesse total sentido. Olhei para ela de canto de olho. -O que carrega dentro de você, pode ter sido consequência de um ato comigo, mas nunca vai ser meu. Eu nunca vou assumir essa criança como filho ou filha minha. Eu vou dar suporte financeiro, mas quero vocês dois o mais longe possível de mim.
Falei em tom firme e sério, sentindo meu coração batia forte. Eu tinha tanto ódio de mim por permitir que as coisas tenham chegado naquele nível. Eu havia feito muita merda na minha vida, mas aquilo? Aquilo era demais. Olhei para o volume na barriga da menina, sentindo-me totalmente enjoado. Massageei o cenho, olhando-a em tom de certa raiva e até mesmo ressentimento.
-Me explique uma coisa então... Aryah. -Chutei o nome, pouco me fodendo se estava certo ou não. -Tanto faz. Se você diz que não está aqui pelo dinheiro e que suas intensões são as mais puras, então por que passar por isso? Você não imaginou que eu fosse casar com você e viver felizes para sempre, não é? Então por que decidiu ter essa bosta? Por que não abortou de uma vez e acabou com os nossos problemas?
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Mensagem por Aydra Winston Yates Dom 24 Ago - 3:34:35

Breakfast
Tentava ignorar de todas as formas as claras ofensas do rapaz contra mim, até mesmo quando Jeanine tentava amenizar as coisas. Isso não iria dar certo, nunca iria dar certo. Eu tinha que parar de ser tão idiota a ponto de colocar tudo e todos antes de mim. Até Baptiste que era apenas um sonho distante, um músico que eu admirava e era apaixonada pela banda, até ele eu havia posto antes, havia pensado primeiro nele e depois em mim. E o que eu recebia? Absolutamente nada. Meu foco deveria ser realmente o bebê, por ele eu suportaria tudo, seguraria o peso do céu se preciso for. — Isso não é meu. — Começou, seguido de um pequeno discurso de negação. Meu maxilar reclamou de novo com meus dentes trincados, o sangue fervendo e correndo rápido nas veias. Não era por ele negar a criança, era por chama-la de "isso". Não era uma "coisa" que eu estava carregando, era uma vida! Meu deus, o que Baptiste tinha na cabeça? Minhoca? Fitei diretamente seu rosto bem na hora que ele olhava diretamente minha barriga. Vi sua face tomar uma tonalidade branca quase transparente, uma pequena careta se formar de pura relutância e nojo. Ele sentia nojo de mim, nojo dele… — Vai ter a distância que tanto quer. — Sussurrei, mas ele não pareceu ouvir. De novo eu estava tão paralizada que era difícil falar qualquer coisa audível. Senti uma revolta misturada a raiva e decepção, tristeza também, mas eu me recusava a chorar de novo. Lágrimas para Baptiste deveria significar alguma vitória. Não entendia como uma pessoa como aquela poderia simplesmente ter tantos fãs, tanto sucesso, ser simplesmente idolatrado. Eu o idolatrava, possivelmente ainda era apaixonada, mas minuto após minuto qualquer sentimento bom ia sumindo. É como o mais clichê das comparações: um jardim, se você regar as flores elas te responderão com beleza e longividade, se você deixar de rega-las, um dia elas morrerão e deixarão de existir pra sempre. Quando seus olhos encontraram os meus, neles eu via o restante da fúria da noite passada mesclado a outra coisa que não conseguia identificar. Deveria estar passando mil coisas na mente do rapaz também, era até difícil julga-lo por isso por mais idiota que ele fosse. Meu nome saiu da boca de Baptiste como um xingamento e atingiu meu estômago como um murro. O ar ficou ainda mais rarefeito e fui obrigada a respirar pela boca semiaberta. Senti a ponta dos meus dedos sobre minha barriga apertando-a com certa força e tive que contar até dez pra relaxar os nós dos dedos. — É Aydra. — O corrigi em alto e bom som. Meu nome sempre foi um motivo para piadas entre meus colegas e amigos, mas eu amava como ele soava bonito quanto bem dito, e também amava como haviam poucas Aydra's nesse mundo. Atentei às palavras de Baptiste, levando uma cotovelada nas costelas a cada uma que saía. Sua voz continuava sendo bela mesmo ameaçadora e isso era uma grande merda. Tanto faz se ele me ofendesse, estava sendo ruim é claro, eu me sentia mal a cada vez que isso acontecia, sentia meu peito queimar e uma dor desconhecida até então me preencher, mas chamar meu bebê de bosta? Havia algo pior no mundo do que aquilo? — Se você diz que não está aqui pelo dinheiro e que suas intensões são as mais puras, então por que passar por isso? Você não imaginou que eu fosse casar com você e viver felizes para sempre, não é? Então por que decidiu ter essa bosta? Por que não abortou de uma vez e acabou com os nossos problemas? — Dessa vez era apenas ele e eu, sem Robert ou Jeanine ou Henrick ou quem quer que fosse pra impedir. Apenas Baptiste e eu. Quantas vezes eu já não havia pedido ao universo que conspirasse ao meu favor e me ajudasse a conseguir isso? Quantas vezes já não tinha rezado a qualquer deus que existisse nesse mundo pra me dar essa oportunidade? E agora eu a tinha, meu desejo havia se concretizado da forma mais diabólica, que nem mesmo meu pior pesadelo poderia ser comparado àquilo. Tomei ar por duas vezes tentando falar, mas me perdia nos olhos negros de Baptiste. Que merda! Mesmo passando por tudo isso eu não conseguia me concentrar. Afaguei minha barriga tentando tirar dali forças. O que eu tinha que fazer era falar a verdade. Ninguém se envergonha da verdade. — Acha que não pensei nisso? Que não foi a primeira coisa que me passou pela cabeça? Tirar a criança antes de nascer pra evitar minha vida de ser estragada era o mais cômodo, claro. Mas também é o pensamento mais egoísta que alguém pode ter. Podemos até não ver esse bebê, não podemos toca-lo e pensar que ele não sente nada, só que ele sente. A partir do momento que o coração começa a bater ele começa a sentir. E não, Baptiste, eu não pensava que você fosse se casar comigo, mas eu pensava que você fosse no mínimo um cara decente, pelo menos uma parcela do que você mostra pro mundo quando acena e sorri pras câmeras e dá autógrafos pra quem pede. Eu não sou uma força do universo pra poder decidir se essa vida vai continuar ou não. Não sei se entendeu, mas eu não quis te procurar, não depois de passar um mês a sua procura e não receber resposta. Eu já tinha desistido até que Robert apareceu na minha casa alegando que precisava da minha ajuda porque o caso tinha parado na mídia e isso iria estragar a sua carreira. Eu pensei duas coisas antes de vir. Pensei na chance que eu tinha de te encontrar de novo e tentar dar um pai pra essa criança, e pensei em você! O que você faria se isso simplesmente vazasse e você fosse o cara que não quis assumir o filho? Imagina sua carreira sendo desfeita de uma hora pra outra? Tudo bem, não aceita que esse bebê seja seu, okay! Mas não ignore simplesmente. Não o chame de coisa ou isso. É uma vida, um coração pulsante que ta aqui dentro quer você queira ou não. — Respirei, as palavas simplesmente saíram sem que eu pudesse conter, baixas e calmas. Eu só não podia chorar. Fitei os olhos dele dessa vez sem bobear e coloquei uma mecha teimosa atrás da orelha. — Olha, se quiser que eu saia por aquela porta agora e nunca mais te procure, eu faço. Eu vou embora e te deixo viver sua vida. Só saiba que ela pode não ser a mesma, sua imagem como querido pode sumir, você vai entrar no esquecimento antes que possa pensar sobre e isso não sou eu que falo. Robert foi bem claro pra mim ontem quando me procurou. E por isso estou aqui. Vai além de mim e do bebê. É também por você, pra não te prejudicar mais do que já está sendo.Não faz sentido pra você, mas é isso.

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Mensagem por Baptiste R. O'Donnel Dom 24 Ago - 12:16:01


Fuck That Shit!

Eu não esperava que ela fosse permanecer muda, mas não esperava que fosse falar tanto assim. A menina de cabelos loiros corrigiu o seu nome e então me olhou em um tom um tanto mesclado de timidez e irritação. Eu havia pegado em algum ponto fraco e eu não sabia qual era, pelo menos eu havia conseguido fazer o que queria: Receber palavras sinceras. Mas ela não admitiu seus planos financeiros como eu imaginava e sim deu uma explicação sentimental e ridícula. Revirei os olhos, batendo as pontas dos dedos no mármore, impacientemente.
— Acha que não pensei nisso? Que não foi a primeira coisa que me passou pela cabeça? Tirar a criança antes de nascer pra evitar minha vida de ser estragada era o mais cômodo, claro. Mas também é o pensamento mais egoísta que alguém pode ter. Podemos até não ver esse bebê, não podemos toca-lo e pensar que ele não sente nada, só que ele sente. -Começou o seu discurso me entediando totalmente, mas me forcei a prestar atenção. Ergui uma sobrancelha e a observei com uma expressão irônica e descrente para cada palavra que saía da sua boca. Eu odiava moralismo e ela simplesmente exalava isso. Deus, eu havia engravidado uma beata. As coisas poderiam ser piores? -Olha, se quiser que eu saia por aquela porta agora e nunca mais te procure, eu faço. Eu vou embora e te deixo viver sua vida. Só saiba que ela pode não ser a mesma, sua imagem como querido pode sumir, você vai entrar no esquecimento antes que possa pensar sobre e isso não sou eu que falo. Robert foi bem claro pra mim ontem quando me procurou. E por isso estou aqui. Vai além de mim e do bebê. É também por você, pra não te prejudicar mais do que já está sendo.Não faz sentido pra você, mas é isso.
Soltei um suspiro e respirei fundo tentando tomar paciência. Eu odiava o fato de ela falar como se estivesse fazendo aquilo por mim já que soava ridículo pelo fato de que sequer nos conhecíamos. Apoiei um cotovelo no balcão, virando-me de frente para ela ainda sentado no banco e a fitei, sério. Meus olhos a engoliam e eu a analisava cuidadosamente tentando a ler, mas era difícil. Aquela menina parecia ser inocente, perdida e ridiculamente boa. Como um dia eu pude ter me envolvido com ela quando ela era o oposto do tipo de mulher que eu considerava atraente. Não fisicamente falando, a loira era extremamente bela e eu percebia isso olhando em seu rosto, mas seu modo de agir, vestir e até mesmo se mover era diferente de tudo que um dia eu já quis. Assenti ao seu discurso, algum tempinho depois que ele se acabou, deixando um momento de silêncio pairar.
-Desculpe, mas não sou um cara decente. -Respondi simplesmente inicialmente com um tom completamente seco até que um sorriso irônico se abriu em meu rosto. -Acho tocante ter pensado que eu queria saber que tinha um filho no mundo, mas eu não queria. Você não pensou em mim Aydra, pensou em tudo menos em mim. Por culpa de quem que sua gravidez está na mídia e fodendo com a minha imagem? Se você tivesse ficado quietinha no seu canto, nada disso estaria acontecendo. -Comentei indiferente enquanto me colocava de pé e caminhava até a geladeira, a abrindo. -É isso o que realmente aconteceu. Mas está valendo a pena? Passar por tudo isso por causa de um dinheiro que queria? Ou simplesmente as coisas saíram do seu controle e não esperava que eu fosse tão... Eu? -Abri um sorriso amargo enquanto pegava um pote de sorvete e colocava algumas colheradas em um pote para mim. -Eu te digo uma coisa: Nenhuma resposta financeira irá valer o inferno que eu vou te fazer passar nesses quatro meses. Você diz que pensou nos outros e não em você, mas olhe onde isso te trouxe. -Comentei em tom indiferente enquanto colocava cobertura sobre as bolas de sorvete e jogava alguns doces como balas de goma e granulados. -Você deveria ter simplesmente abortado.
Falei simplesmente enquanto pegava o Chantilly para completar minha bomba calórica. Peguei uma colherada, mastigando-a e sentindo o gosto doce do alimento. Me encostei contra a pia, observando-a no balcão.
-As coisas vão acabar seguindo o seu rumo natural. Em quatro meses você vai embora daqui, vai receber a minha pensão, vai achar um cara pão de forma que vai ser miolo mole e fácil de dobrar o suficiente para assumir essa criança e você. Vai se casar ter uma vidinha monótona, envelhecer e vai morrer tendo suas boudas de diamantes. Eu vou continuar com o meu sucesso, com a minha vida, fazer muitos shows e eventualmente morrer de AIDS, overdose, cirrose ou diabetes. Vou morrer com estilo porque morrer velho não é coisa de astro do rock. -Falei com um sorriso irônico dando uma colherada no sorvete e erguendo-o para ela de onde estava. -Quer? -Dei de ombros logo em seguida. -Meu ponto é: Eu não me importo com o que tem dentro de você e nunca vou me importar, então mate qualquer sonho de essa coi... Criança me ter como pai. O futuro eventualmente irá chegar e vai levar as coisas para o seu rumo, que você verá que será basicamente como eu te disse. Te garanto uma coisa, Aylla: Fora nomes, eu não costumo errar.
Abri um sorriso sem exibir os dentes, mas ainda assim largo, enquanto voltava a devorar os doces em minhas mãos. Senti meu celular vibrar mais uma vez e o olhei, curioso do que Robert estava querendo tanto. Dessa vez ele havia sido sábio o suficiente para me mandar uma mensagem. Desbloqueei meu celular, lendo-a por um momento e tendo um sorriso desanimado brotar em meu rosto. Eu tinha me esquecido disso...!
-Logo mais eu vou deixar o apartamento porque tenho ensaio, mas Robert me lembrou de uma forma não muito educada que tenho que te levar comigo. -Dei de ombros, dando mais algumas colheradas no doce. -Aparentemente teremos uma sessão de fotos ou coisa idiota do tipo... Espero que não vá vestir isso.
Comentei em tom indiferente, concentrado na bomba de diabetes que eu ingeria naquele momento sem sequer ligar para isso.

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Mensagem por Aydra Winston Yates Dom 24 Ago - 21:10:29

Breakfast
Esperei que ele erguesse as mãos ao céu para agradecer minha proposta de ir embora e me mandasse porta a fora em seguida, mas ao invés disso o vi virar o rosto completamente para o meu lado e me analisar profundamente. Era como se ele pudesse sugar todo meu ar apenas com aquele olhar. Não era nem de perto o que eu queria receber, mas já não era de nojo pelo menos, nem pena como os outros me olhavam. Desconhecia aquela forma, era indiferente, como se fitasse o nada. Percebi que a única pessoa até o momento que não me via como digna de pena era Baptiste e isso tinha o lado bom e o ruim. Então ele começou com o óbvio, mesmo em tom sarcástico ele estava mais uma vez admitindo. "Desculpe, mas não sou um cara decente." Balancei a cabeça negativamente abrindo a boca pra poder me defender quando Baptiste insinuou que a culpa era minha por ele estar passando por aquilo. É tão injusto! Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ele continuou, ignorando qualquer inicio de reação minha e caminhando até a geladeira. Até a forma com que o músico se movia era sexy, sem dúvida alguma. "Ou as coisas saíram do controle e não esperava que eu fosse tão...eu?" Minha boca se escancarou mais uma vez. Me recusava a acreditar que eu  estava realmente ouvindo aquilo tudo. — Eu não esperava nada, eu... — Comecei, tentando novamente me defender e alegar que eu não tinha programado nada disso. Por que era tão difícil para Baptiste entender que eu tinha tanta culpa quanto ele? Por um momento minha atenção se desviou das palavras que saíam da boca do músico para o que ele estava fazendo. Eu estava bem alimentada, provavelmente passaria horas me sentindo satisfeita por aquele café da manhã tão bem servido, mas quando o vi preparar sorvete com tanta perícia senti meu ventre se revirar em desespero por aquela caloria toda. Claro, Baptiste nunca saberia que meu maior vício era sorvete. O que ele estava falando mesmo? Sobre dinheiro? O que tinha dinheiro mesmo? Esforcei minha mente a prestar atenção nas palavras do rapaz por mais que eu soubesse que nada delas deveria ter realmente valor. Tudo o que queria era me afastar e estava conseguindo. Inferno? Não havia se passado nem mesmo doze horas desde que cheguei e eu já me sentia no inferno. Só que se o inferno tivesse sorvete eu provavelmente passaria bem. Revirei os olhos. Eu não iria abortar e o motivo parecia ser complicado demais para Baptiste entender. Escorei os cotovelos no balcão e meu queixo em minhas mãos unidas, olhando fixamente para o sorvete indo na direção da boca do músico. Ele mastigou com tanta vontade que cheguei suspirar, desejando não só o sorvete como também senti-lo diretamente da boca de Baptiste. Engoli em seco e mordi o lábio inferior, prestando atenção em suas palavras dessa vez... Pelo menos tentando. Ele só estava extremamente enganado sobre mim, como sempre. Meu plano de vida não estava em casar com alguém agora e viver uma vida monótona e sem graça. Mesmo que meus planos tivessem tomado um desvio por conta do bebê, eu ainda teria uma vida toda pela frente pra fazer tudo o que eu tinha imaginado: continuaria com meus hobbies, meus estudos, me formaria, provavelmente moraria em uma casa pequena durante a semana e passaria as folgas em uma casa de praia e dessa vez eu teria meu filho comigo, talvez até mesmo meu irmão mais novo. Claro que seria difícil devido a minha condição financeira, mas um dia eu conseguiria. Diferente de Baptiste eu não achava que a gravidez era o fim do mundo pra mim e nem queria viver por conta do dinheiro dele.  — Quer? — Perguntou, talvez percebendo meu desejo explícito. Por um momento pensei em aceitar, mas não me permiti dizer sim pra ele. Meio que esperava que ele dissesse alguma coisa pra me irritar se eu aceitasse. Passei a ponta da língua nos lábios e neguei com a cabeça, ouvindo-o continuar. Quis rebater, mas decidi que era inútil. Baptiste não queria me ouvir, não queria entender o óbvio, então era melhor deixar como está. Uma risada escapou da minha garganta sem minha permissão com meu nome sendo dito de forma errônea. — Aylla é um nome bonito, se fosse mulher eu poderia usa-lo. — Brinquei, dando de ombros e ignorando o fato que até mesmo a mínima brincadeira poderia acarretar a fúria do rapaz, só decidi que ele não teria coragem de me atacar ali, pelo menos não com Jeanine e Henrick na casa.

Logo mais eu vou deixar o apartamento porque tenho ensaio, mas Robert me lembrou de uma forma não muito educada que tenho que te levar comigo. Aparentemente teremos uma sessão de fotos ou coisa idiota do tipo... Espero que não vá vestir isso. — Merda! Já iria começar a falsidade desde cedo. Isso era horrível, eu não sabia fingir, duvidava um pouco que conseguiria convencer a imprensa sobre estar extremamente satisfeita. Apaixonada sim, satisfeita não. Olhei para meu corpo investigando minhas roupas. Não era a melhor coisa que eu tinha no armário, mas também não era a pior. E não havia como errar usando jeans e branco, Baptiste estava apenas tentando me irritar. — O que tem de errado com elas? — Perguntei voltando meus orbes para o rapaz escorado na pia saboreando aquela delícia com chantilly. Meu deus, eu estava desejando sorvete! Meu filho nasceria com cara de sorvete. Tentei não rir com meu pensamento idiota vendo então Jeanine e Henrick voltarem para a cozinha, o grandalhão carregando uma caixa grande e postando bem a minha frente. Fitei curiosa a caixa, depois ergui os olhos para os dois "recém-chegados" e vi um sorriso triunfante nos lábios da mulher rechonchuda. Se Jeanine me olhava com entusiasmo, Henrick analisava tanto eu quanto Baptiste, provavelmente balanceando o que havia acontecido enquanto eles estavam fora. Dei um sorriso pra ele como se quisesse confortá-lo, sem dúvidas ele estava fazendo um ótimo trabalho. — Não vai abrir? — A mulher perguntou com aquele entusiasmo evidente. Então o presente era pra mim? A caixa coberta por um papel laminado de dourado seco, sem flores ou cartão, ou até mesmo um laço para adornar, era pra mim. Mordi o lábio e me levantei da cadeira, insinuando abrir a caixa. — Não vai sair um daqueles palhaços com molas que assustam, certo? — Sorri divertida para eles, até mesmo encarando Baptiste com um sorriso no rosto para então abrir a caixa. Mais alguns papeis de seda tiveram que ser retirados para então revelar um vestido belíssimo. — Wow! — Exclamei, puxando o tecido fino e tirando-o completo da caixa. Eu nunca tinha recebido um vestido como aquele, era tão... destampado. Parecia que faltava alguns pedaços de pano no decote e na saia, não fazia exatamente meu estilo. — Chegou essa encomenda pra você com mais alguns outros, mas esse aí tinha um cartão de Robert dizendo que vai usa-lo na sua primeira aparição com Baptiste. Não é lindo? — As instruções de Jeanine preencheram meu ouvido e não pude deixar de sorrir com tudo aquilo. Realmente, era lindo e exatamente do meu tamanho. Se antes eu estaria pensando no que iria vestir para ir ao ensaio com Baptiste, agora eu não teria mais essa preocupação. — A quem devo agradecer? — Deixei o vestido novamente dentro da caixa e procurei os rostos das pessoas na cozinha, parando por um momento em Baptiste sabendo que ele era o único que não tinha nenhuma participação naquilo. — A ninguém, suponho. Agora volte comigo, Henrick, tem mais caixas para serem pegas. — Jeanine mandou, saindo novamente seguida pelo branquelo alto que pegou minha caixa também. Mais uma vez só Baptiste e eu, e agora eu estava me sentindo ligeiramente melhor com sua presença. Me levantei e caminhei na direção do rapaz, pegando de trás dele o pote de sorvete sobre a pia, me postando ao seu lado e procurando nos armários alguma vasilha para colocar minha porção, encontrando também uma colher grande e uma pequena, colocando uma quantidade significativa de sorvete em meu recipiente com a colher grande. Apontei com a cabeça o granulado do outro lado do corpo de Baptiste. — Pode me passar, por favor? Ah, e o chantilly também. — Disse como se tivesse conversando com alguém que não me odiasse profundamente. Se ele queria odiar o problema era todo dele. Fora as palavras extremamente desagradáveis, as feridas que o rapaz causou em mim e no meu orgulho, eu não precisava odia-lo. — Que horas tenho que estar pronta? — Perguntei, mal me aguentando para colocar uma colherada de sorvete na boca, mesmo sem ter recebido os outros ingredientes imediatamente. Um dia eu teria um orgasmo com sorvete. O pensamento me fez soltar uma gargalhada curta e rouca, respirando fundo antes de salientar uma outra dúvida. — Tem alguma instrução pra me passar com essa aparição em público?
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Mensagem por Baptiste R. O'Donnel Dom 24 Ago - 22:04:45


Fuck That Shit!

A loira me perguntou o que tinha de errado com as suas roupas, mas antes que eu pudesse responder, Jeanine e o brutamontes voltaram à cozinha, trazendo nas mãos uma caixa embrulhada em um papel laminado. Ergui uma sobrancelha olhando a cena um tanto curiosa enquanto eles caminhavam em direção à loira e lhe entregavam o objeto. Dei mais uma colherada em meu sorvete, totalmente em silêncio enquanto recebia os olhares curiosos do segurança, dos quais eu não gostei nada. Era impressão minha ou ele estava se engraçando com a menina que era para supostamente ser a minha namorada na mídia? Eu queria rir do quão ridículo aquilo soava.
Ouvi vários blá-blá-blá em relação a roupas que haviam vindo nas caixas e dei graças a Deus por Robert pelo menos tentar fazer Al... Al alguma coisa mais apresentável. Ela era bonita, só não usava roupas que mostrasse isso. Ela mal havia virado mãe e já se vestia como uma. Estremeci ao pensar que aquela era a imagem da namorada que eu teria que mostrar ao mundo todo. Não poderia ser uma modelo peituda e gostosa? Meus espermatozoides haviam escolhido o corpo errado. Me virei para a cena enquanto os dois empregados voltavam para pegar mais caixas que haviam chegado, deixando a mim e a loira sozinhos na cozinha novamente. Eu tinha que arrumar um apelido para ela e acabar com aquela crise de ter que lembrar o seu nome.
-Você tem cara de Anne.
Falei simplesmente enquanto erguia a sobrancelha, surpreso por ela ter se levantado tão confortavelmente do seu assento e caminhado até onde eu estava. Eu sei que soa ridículo dizer, mas quando a vi pegando do sorvete e se servindo, senti meu espaço ser violado. É obvio que eu não tinha problemas em dividir comida, tinha aos montes em casa, mas mesmo assim eu não gostei do conforto dela ao fazê-lo. Aquela não era a casa dela.
— Pode me passar, por favor? Ah, e o chantilly também.
Falou, ganhando meu olhar na mais completa indignação. Torci o nariz virando-me para o lado e cedi, pegando o granulado e o creme de chantilly, virando-me na direção dela. Ela parecia ter relevado tudo o que eu havia dito até então, como se nada tivesse acontecido, como se tudo estivesse na maior maravilha. Ergui uma sobrancelha quando a ouvi falar:
— Que horas tenho que estar pronta? Tem alguma instrução pra me passar com essa aparição em público?
-Não vá ficando tão confortável assim, ok? -Revirei os olhos com um sorriso irônico, dando de ombros. -Tente agir indiferente enquanto estiver na rua comigo, forçar expressões é ruim. Todo famoso parece indiferente quando está andando por aí e agora que você é famosa também, não pode fazer diferente. Não é uma aparição pública, só uma sessão de fotos. -Dei de ombros, indiferente. -E tente, por favor, parecer menos careta que você é? Ninguém vai cair na história de que eu estou namorando uma beata.
Falei choramingando enquanto tirava a tampa do chantilly e com um sorriso travesso segurava o botão, espirrando um pouco do creme na face da loira. Abri um sorriso largo e puramente divertido com a cena, passando a lata para ela logo em seguida. Cruzei os braços, apoiando as costas contra o balcão da pia.
-Você pode comer essas porcarias?
Perguntei parando por um momento para analisar a barriga que agora estava visivelmente grande com ela em pé. Ergui uma sobrancelha, observando-a cuidadosamente.
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Mensagem por Aydra Winston Yates Dom 24 Ago - 22:51:27

Breakfast
Não tenho cara de Anne, tenho cara de Aydra. Odeio qualquer nome que tenha a variação de “Anna”. — Disse secamente tentando me concentrar apenas em preparar meu sorvete. Anna é o nome da minha mãe biológica e a razão para o meu grande problema. Nada disso estaria acontecendo se não fosse por ela sempre querer tirar vantagem até da desgraça alheia, se bem que meu filho nunca seria uma desgraça. Baptiste continuava considerando se me entregava o granulado e o chantilly, tive que erguer uma sobrancelha como que o encorajando a me entregar os ingredientes. Então eu vi alguma emoção no olhar dele pra mim, mesmo que fosse pura indignação, pelo menos já era um começo para quem tinha apenas fúria e nada como opção. Parecia que eu o havia surpreendido finalmente e isso deveria ser algo bom. Peguei primeiro o granulado e coloquei aos montes na minha vasilha sobre o sorvete de chocolate que já tinha pedaços de bombom, mas não me importei em acrescentar mais. Chocolate também poderia ser minha perdição. Eu só tinha que me controlar pra não engordar, comeria só o suficiente para saciar esse desejo para que meu bebê não passasse a se chamar sorvete. Um dia eu entenderia porque as pessoas tinham a mania de achar que um desejo mudaria feições de alguém. — Não estou confortável, só estou com desejo de sorvete. — Disse enquanto ainda derramava o granulado, enfatizando a palavra “desejo”. Enfim, quanto mais eu olhava para o sorvete mais vontade sentia, mas ainda não estava pronto: faltava o chantilly. Olhei para o lado de Baptiste esperando recebe-lo, mas ao invés de me passar ele decidiu primeiro das suas dicas de “como ser um famoso, por Baptiste O’Donnel”. — Tente agir indiferente enquanto estiver na rua comigo, forçar expressões é ruim. Todo famoso parece indiferente quando está andando por aí e agora que você é famosa também, não pode fazer diferente. Não é uma aparição pública, só uma sessão de fotos. — Assenti levemente, primeiro me assustando com o fato de ser famosa – eu não achava que seria famosa mesmo carregando o filho de um famoso - e só depois parando para considerar a diferença entre “aparição pública” e “sessão de fotos”. Tecnicamente iríamos aparecer para pessoas desconhecidas, então era um público mesmo que pequeno. Resolvi simplesmente não debater coisas do tipo com o rapaz, ele estava pelo menos sendo educado e eu não queria instigar a raiva nele de novo, por mais que eu achasse que a raiva era simplesmente nata em Baptiste. Franzi o cenho e torci o nariz para a expressão “careta” e “beata”, algo que eu nunca seria. Ele não me conhecia o suficiente para dizer se eu era careta ou não, meus amigos não me achavam careta e eu não deveria me importar com a opinião de alguém que mal me conhecia. Então por que eu me importava? — Não sou careta, muito menos beata. Tenho apenas dezenove anos recém feitos, beatas são velhas que nunca tiveram alguém pra, bem... transar. Obviamente eu não me encaixo nesse grupo. — Revirei os olhos, estendendo a mão para pegar o chantilly de Baptiste já que ele estava demorando anos luz pra me entregar. Fui pega de surpresa ao ter o rosto sujo por uma quantidade pequena da substância doce e branca que mais parecia neve. Nunca em toda minha vida eu imaginaria que ele fosse fazer algo assim, então não pude nem mesmo me desviar. Fiz uma breve careta e revirei os olhos novamente, levando a língua pra fora da boca e pegando um pouco do chantilly que havia se instalado no canto do meu lábio. Eu deveria ficar irritada, mas ao invés disso me permiti sorrir, ainda mais ouvindo a risada debochada e descontraída do rapaz, pegando a lata de chantilly e esguichando um tanto bom sobre o sorvete. — Engraçadinho. — Sussurrei, me virando para ficar de costas para a pia, assim como Baptiste, com minha vasilha na mão. Ataquei o sorvete com a colher pequena que havia pego e saboreei o doce gosto da mistura de sabores. Era como se tivesse explodido uma bomba dentro de mim. Fechei os olhos por um momento me esquecendo onde estava e com quem estava, até mesmo soltando um pequeno ruído de satisfação do fundo da garganta, tão gostoso estava aquela coisa calórica, antes de ouvir a voz de Baptiste me trazer de volta “à vida”. — Você pode comer essas porcarias? — Dei de ombros, tirando o vestígio de sorvete que tinha na colher com a língua para depois deixa-la enfiada no sorvete, olhando para Baptiste tentando não transparecer minha surpresa pela curiosidade dele. — Posso, desde que não exagere. Na verdade eu posso tudo, desde que não passe dos limites. E eu me cuido. Não deixei de frequentar academia e nem larguei minhas corridas por causa da gravidez, eu só tenho que me adaptar, e isso não é tão difícil. — Peguei mais uma quantidade de sorvete na colher e coloquei na boca, mastigando demoradamente o granulado. — Shit, isso é bom demais. — Soltei uma risada em seguida, tomando uma nova colherada de sorvete. Eu não costumava xingar, mas não via outra expressão que coubesse no momento. E uma ideia simplesmente surgiu em minha mente. Eu poderia me arrepender de fazer isso, mas nunca saberia se não tentasse. Peguei uma quantidade significativa de sorvete na colher e intencionei levar à boca, só que desviei o percurso, deixando que o queixo de Baptiste se sujasse com o sorvete. Arregalei os olhos na minha melhor expressão de quem havia feito coisa errada, mordendo o lábio e dando um passo curto para trás, me afastando de qualquer que fosse a reação do rapaz. — Ops! — Então não me aguentei a rir, erguendo as mãos para cima em um meio sinal de rendição, ainda segurando o sorvete com toda minha força. — Vingança. — Disse, sabendo que eu ainda estava suja de chantilly.  Parei de rir e observei Baptiste cuidadosamente, me preparando para correr se fosse necessário fugir da fúria do rapaz.

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