Estacionamento

Labyrinth of suffering

A repugnância que sentia de certos subordinados não era algo tão impressionante assim. — SERÁ QUE TEREI QUE DEMITIR ALGUÉM PARA CONSEGUIR A DROGA DE UM VOO DIRETO PARA A ITÁLIA, SEU INCOMPETENTE? — Berrava encostada na porta do carro. Há semanas  eu não tinha sequer uma noticia do meu irmão. A viagem repentina dele para fora do país me preocupava, mas sabia que mesmo sendo inconsequente do jeito que era, não cometeria burrada alguma. — EU NÃO QUERO SABER SE É VESPERA DE FERIADO OU NÃO. CONSIGA ISSO ATÉ AMANHÃ OU SE CONSIDERE NO OLHO DA RUA. — O quão complicado era obedecer a uma ordem? Deveria ser por isso que o mundo estava desse jeito. Se as pessoas obedecessem mais e questionassem menos não seria um mundo tão caótico. Olhei para o relógio de pulso mais uma vez e por fim percebera o quão atrasada estava. Tinha marcado de tomar um capuccino com Dakota no refeitório da faculdade, então sua irmã já deveria estar esperando.

Contaria a garota sobre meus planos de viajar para Itália e saber o que estava acontecendo com os negócios da família. Achava ridícula a ideia de que por ser homem, Billie assumisse o império construído pela família. Era capaz do garoto gastar toda a fortuna em chicletes e filme porno.Repudiando e tentando esquecer qualquer pensamento seu relacionado a seu irmão e pornografia, bati com mais força que necessária a porta do carro. Travou o alarme e tratou de acelerar seus passos ao encontro da irmã. Droga! Me amaldiçoei imensamente ao perceber que havia esquecido um dos livros no carro. A frustração me irritou ainda mais e então apressei cada vez mais meu andar. Estava distraída mandando uma mensagem e tentando fazer minha irmã me esperar alguns segundos mais que não percebi que meu caminho estava 'interrompido'.

— MAS QUE DROGA, NÃO OLHA POR ONDE ANDA, NÃO? — Meu primeiro impulso fora o de gritar com a pessoa que atravessara meu caminho. Devido a força do impacto, meus materiais estavam espalhados. Abaixei-me para começar a recolher meus pertences. Não me importava por estar fazendo tempestade em um copo d'água e muito menos por estar fazendo isto na frente da universidade inteira. Ouvi as palavras de pedido de desculpas. Olhei para a pessoa que falava e então percebi que estava sendo muito estúpida. Eu havia esbarrado nele e ainda o xingara. Rapidamente senti minhas bochechas inflamarem. O certo seria me desculpar, não? Mas e .. como se fazia isso? Não era lá muito acostumada, ainda mais com estranhos. Mas aquele rosto não me era desconhecido. Onde eu já havia o visto?/

just a shot in the dark

Sua vida estava pacífica. Sim, seus sonhos estavam todos realizados, só faltava um: Ir a Genebra. Os 6 meses que ficaria lá faria bem a ele.
Ou não.
-Pode deixar, Thomas, eu vou enviar, antes de ir pra Genebra, o relatório de minha pesquisa.. - Falava o croata com um amigo. Sim, finalmente, Alek fizera um amigo. Mas esse amigo morava em Genebra. E, ele também vivia um dilema.Conquistava várias coisas por aqui. Dinheiro, um emprego, namoradas, ex namoradas, amigos, muitos amigos. Foi a festas, encontros em praias, jogou basquete, reviu sua ex. Tudo isso fazia o moreno refletir. E ouvir música era a melhor das ferramentas pra isso. Enquanto a voz de Bono Vox ecoava em seu Iphone, ele admirava como o dia realmente estava lindo. Até que, sentiu alguém se bater nele e o fazer cair.

— MAS QUE DROGA, NÃO OLHA POR ONDE ANDA, NÃO? - Gritou a morena de olhos irritados. Os pertences dela, e os dele, haviam caído. O croata se abaixou para ajudá-la e disse preocupado:

Aleksei se virou para a garota e de forma cordial, se abaixou para ajudá-la: -Desculpe-me, eu estava distraído. Você se machucou? - Perguntara, estendendo a mão com metade dos pertences dela, incluindo a bolsa: -Sinto muito pelo acidente. Espero que você esteja bem, e se tiver atrasada na faculdade, eu posso lhe ajudar. Ah, e eu me chamo Aleksei, prazer em conhecê-la.

Sorriu, estendendo o celular dela que havia caído junto com a queda.

Labyrinth of suffering

E apesar do meu humor explosivo e de ter gritado com o rapaz, ele não se alterou, muito pelo contrário. Fora super educado e gentil. Mas eu ainda continuava brava. Alguns curiosos ainda estavam a nossa volta. Bufei e olhei para o garoto a minha frente. — Estou bem, obrigada. — Terminando de juntar meus materiais, resolvi por me desculpar. — E me desculpe pelo esbarrão, é que estou realmente atrasada e não te vi em minha frente. — Peguei meus pertences que estavam em sua  posse e lhe dei um tímido sorriso. Ele continuava a me fitar e eu não entendia o motivo. Estava pronta para lhe desferir algumas palavras irritadas, quando me dei contado o porque. Ainda estava com seu celular junto a mim e não havia me apresentado. — Ah, me desculpa, eu não havia percebido. — Lhe devolvi o aparelho telefônico e dei um sorriso amarelo. — E sou Maudie, prazer e novamente me desculpe.

Não entendia o motivo de me sentir nervosa perto do recém conhecido. Poderia jurar já ter o visto em algumas palestras de seu curso ou até mesmo pelos corredores da universidade. Mas não podia puxar assunto, estava atrasada para o encontro com minha irmã. E por mais que minha mente teimasse para que me movesse e fosse embora a procura de Dakota, eu não me movia um milimetro sequer. Estava estática ali, o encarando como uma boba. Ele não parecia se importar com o silêncio que se intensificava a cada segundo. Desejava que ele falasse algo, tossisse ou até mesmo virasse e fosse embora. Mas nada, apenas ficamos ali nos encarando por incontáveis segundos.

just a shot in the dark

Seu nome era Maudie? Alek já tinha escutado tal nome. Só não sabia que iria, sim, encontrar ela naquele local. Aliais, não sabia que ela estudava ali. O Croata sorriu de lado, e encarou ela. Ele também não sabia o que falar, quando viu a garota na sua frente. A sua timidez, banhada ao silêncio do local até ser interrompido pelas pessoas ao redor.
— E sou Maudie, prazer e novamente me desculpe. - Se apresentou a garota, ainda pedindo desculpas. Alek apenas sorriu, a olhando:
-Não precisa se desculpar tanto. E eu que devo que pedir desculpas. E, bem - Pausou, vendo as pessoas ao seu redor: -Se quiser, eu posso lhe mostrar o campus. Creio que esteja perdida, e eu posso te ajudar.
Saiu do caminho da morena de olhos sérios e pensou. Ela era bonita? Era, mas, ela estava tão irritada, que ser amigável sem segundas intenções era a melhor das oportunidades de, pelo menos conversar.

-O que você cursa por aqui? Eu curso Física nuclear, e eu apresentei uma palestra, você chegou a ver?.

Labyrinth of suffering

Não pude evitar de soltar um riso baixo e balançar a cabeça. Pelo jeito minha fama não estava sendo tão grandiosa quanto supunha. Um sorriso simples brotou em meus lábios — Não, eu já conheço tudo por aqui, obrigada. —  Obrigada? Eu estava sendo educada com ele? Sim, estava. E estava atrasada para me encontrar com Dakota, o que me atrasaria para a aula e ainda tinha que verificar minha passagem para a Itália. Ajeitei meus livros e minas vestes, verifiquei as horas na tela do celular e revirei os olhos impaciente. Droga!

— Ahh. eu curso..  fotografia .. — Disse enquanto já andava apressadamente em direção a cafeteria. — Talvez nos vejamos por aí, Alekei. — Era esse o nome dele? Mas afinal, quem se importa? O importante era encontrar Dakota e matar a saudade que sentia da irmã mais nova. Estava curiosa sobre sua viagem a Alemanha. Parecia que os irmãos Thénardier haviam decidido me abandonar nestas terras. O mais estranho foi perceber que Dakota não havia enviado mais sms algum. Resolvi checar o celular e então me dei conta. Havíamos trocado os aparelhos. Maldição! Eu sequer havia colocado senha alguma nele. Ele disse que cursava o que mesmo? Biologia.. não. Química? Física! Tentaria o encontrar após o fim das aulas.
Enviei uma mensagem de texto para meu próprio numero, utilizando o aparelho de Dakota. Marcando para que nos encontrássemos e a troca fosse desfeita. Se havia alguém lá nos céus, responsável pelo meu destino, este alguém estava muito encrencado quando me encontrasse pessoalmente.