Pátio Externo.

Um barulho submergiu meus tímpanos que se aliviavam em um sono pacífico. A composição ‘’Back In Black’’ do AC/DC fizeram-me abrir os olhos esgotados e observar a cômoda a minha frente, o dormitório jazia em um branco mortiço já que a cortina de uma janela filtrava o alvo do amanhecer. Suspirei, estendendo a mão até o móvel e recolhendo meu celular. O número na tela denunciava que Mirela estava a me ligar, o que era estranho já que a mesma havia viajado com Alex. Escorreguei a mão pelo semblante, impulsionei-me a sentar, antes de pressionar o símbolo esverdeado até o centro da tela do celular, levando-o até a orelha esquerda.

– Onde você está seu doente? – A voz do outro lado gritava, me fazendo adquirir um maço de cigarros na cômoda com a mão acessível. Agora possuía certeza que a voz não era de Mirela, ela devia ter esquecido o telefone. – Não grita, porcaria. Onde você acha que estou Any? Que saco. – Rebati baixo, apreciando ao lado a silhueta despida da loura da noite anterior. Qual seria mesmo seu nome? Carol? Caroline? É, eu não conheço e não me importo também. – Estou tendo um ataque Bart! Tive de mentir para a mamãe que também estava tendo um ataque. Você prometeu que pararia de sair à noite, lembra? – Acendi o cigarro com o isqueiro da garota que aparentava estar repousando. – É, eu lembro, mas não tenho dez anos e dá para parar de gritar? Ou vou desligar o telefone e você vai falar com a mulher da operadora quando ligar novamente. Eu tive que sair ta legal? Você mentiu para a mãe? Legal, mas eu não pedi. – Produzi uma tragada no cigarro, notando aquele aroma acolhedor do cigarro. – Vou para a faculdade e te espero lá. – O barulho que o celular ecoou expôs que Aniya havia desligado. Observei o relógio e confirmei que estava na hora da faculdade.

Tive de ser previdente para tomar uma ducha, me trajar com a blusa cinza e a calça jeans preta e me retirar do apartamento da garota sem a despertar, até porque eu não lhe daria um abraço e lhe diria ‘’Até amanhã à noite. ‘’ por que eu havia me drogado e transado com mais uma garota, acordando no apartamento dela, o que estava sobrevindo muito desde então. Já do lado de fora peguei um táxi e lhe conduzi até a localidade onde ficava a faculdade, pagando-o e saindo do veículo. Resvalei a mão pelo rosto tentando me manter livre da ressaca já que estava pressentindo suas sensações. Suspirei enquanto caminhava pelo pátio, divisando ao redor a busca de Aniya pronta para me matar, mas algo apodou minha atenção antes. Beatrice, sentada, maravilhosa como sempre fora. Minha consciência então fez questão de evidenciar as poucas cenas da festa que se reproduziam na minha mente, ainda não havia me pronunciado com Bea desde então. Suspirei, mesmo que ela fosse ríspida comigo eu ainda diria o que eu, mais que todos, me recobrava a dizer. Em passos singelos me aproximei. – Achei que odiasse química. – É, ótima forma de começar uma conversa, só que não.

Eu já esperava aquela reação e, de alguma forma, já refletia sobre ela ansiar ir embora, todavia eu não admitiria que aquela oportunidade passasse como as outras. A testemunhei passar do meu lado, seu perfume me envolveu, me deixando fascinado, mas tive de vibrar a cabeça vagarosamente, contornando o calcanhar e pegando em um de seus braços, virando-a para mim. – Bea, por favor, você tem que me escutar, tudo bem? – Professei de uma vez, buscando fôlego. – Eu não me lembro muito bem o que aconteceu naquela maldita festa e muito menos sei o que te fez parar de falar comigo, mas você sabe que você é importante para mim cara. – Quem sabe eu carecesse ter treinado como Aniya ponderava sempre que tocava nesse assunto, mas não gosto de ações e falas ensaiadas, tem que sobrevir naturalmente e não algo que transpareça falsidade. – Por favor, seja lá a merda que eu fiz, me perdoa tá? –